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Déficit do RS no comércio com a Argentina é de US$ 1,4 bilhão em 2013

Com 750 mil pares de calçados aguardando liberação e centenas de carretas com produtos alimentícios retidas na alfândega, a indústria gaúcha continua a sofrer fortes consequências das barreiras impostas pela Argentina aos produtos brasileiros. "Enquanto o Brasil é superavitário no intercâmbio com aquele país, o Rio Grande do Sul tem déficit na sua balança. Entre os Estados brasileiros, acumula o maior resultado negativo", alertou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Heitor José Müller, nesta terça-feira (5), durante o seminário Argentina: o Contexto Comercial Atual e as Perspectivas Políticas e Econômicas para o Brasil, realizado na FIERGS.

Industriais, políticos, líderes empresariais e economistas participaram do evento, que tratou da situação do comércio bilateral e propiciou um conhecimento mais amplo sobre o momento econômico e político da Argentina e suas respectivas implicações para o Brasil e o Rio Grande do Sul. Conforme o Sistema de Monitoramento das Barreiras Argentinas (Simba) criado pelo Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Concex) da FIERGS, o comércio entre os dois países, de janeiro a setembro de 2013, apresentou um superávit de US$ 2,1 bilhões para o Brasil. Mas, para o Rio Grande do Sul, no mesmo período, ocorreu um déficit de US$ 1,4 bilhão.

Segundo levantamento do Simba, a balança comercial do Estado com a Argentina teve uma queda superior a US$ 400 milhões entre 2011 e 2012. Para o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, as perspectivas para as relações econômicas entre Brasil e Argentina são negativas para os próximos dois anos. "Há pouca esperança antes de 2015, quando ocorrerão as eleições na Argentina", observou ele, no painel A Realidade Macroeconômica e as Perspectivas Comerciais entre Brasil e Argentina. "Ocorreu um esgotamento do modelo argentino, o ciclo maravilhoso de exportações de comodities acabou".

O consultor e economista argentino Juan Carlos de Pablo reconheceu ser difícil tentar prever os movimentos que o governo de Cristina Kirchner irá realizar. "Na história argentina, os desequilíbrios nunca se corrigem de forma preventiva", afirmou, ressaltando que a característica da economia do país é de forte volatilidade. "Na Argentina, quando o PIB se recupera, cresce 9% e, quando cai, cai 9%", comentou.

O coordenador do Conselho da Agroindústria (Conagro) da FIERGS e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação do RS, Marcos Oderich; e o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, apresentaram a situação dos setores de alimentos e calçados, respectivamente, na relação com a Argentina.

O segundo painel do seminário tratou do Cenário e Relações Políticas entre Brasil e Argentina e contou, entre os debatedores, com o diretor de Política e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes.

Publicado Terça-feira, 5 de Novembro de 2013 - 0h00