Um estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que a indústria diminuiu sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) em quase todos os Estados brasileiros, a reboque da perda de competitividade no cenário nacional. De 2010 a 2013 – último dado disponível para o levantamento estadual –, 23 unidades da Federação sofreram retração do setor na composição do PIB estadual, inclusive o Rio Grande do Sul. Neste período de quatro anos, segundo a CNI, a parte da indústria gaúcha no PIB do RS, que atualmente é de 24,3%, registrou uma queda de 3,6 pontos percentuais. “Em recessão no Estado, com uma média de crescimento negativo de 2,8% desde 2010, o setor vê diminuída sua importância para o resultado do PIB”, observa o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller.
Denominado Perfil da Indústria nos Estados, o estudo da CNI aponta que em 11 deles o decréscimo da indústria no PIB no período foi igual ou ainda maior à média nacional. Os estados nos quais a indústria tem maior contribuição para o PIB local são Espírito Santo, com 40,5%; Amazonas, 37%; Pará, 33,2%; Santa Catarina, 30,9%; Minas Gerais, 30,7% e Rio de Janeiro 30,5%. A do Rio Grande do Sul é de 24,3%, o que o coloca em uma posição intermediária neste ranking. A menor contribuição da indústria para o PIB estadual está com o Distrito Federal, apenas 6,5%.
Em relação ao PIB brasileiro, a contribuição da indústria caiu 2,5 pontos percentuais, passando de 27,4% para 24,9% (indústria de transformação, extrativa, construção e Serviços Industriais de Utilidade Pública). “A perda na relevância da indústria de forma tão disseminada é reflexo da deterioração da competitividade de toda economia brasileira. É um quadro preocupante que reforça a urgência da adoção de medidas capazes de resgatar a confiança do empresariado, impulsionar o investimento e melhorar o ambiente de negócios com foco no longo prazo. Isso só será alcançado com as reformas trabalhista, tributária e administrativa”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
O Rio Grande do Sul possui um PIB industrial de R$ 69,5 bilhões, o que, em nível nacional, equivale a 6,1% da indústria brasileira, uma queda de 0,2 ponto percentual entre 2010 e 2013. É o quinto maior PIB do Brasil, com um total de R$ 285,5 bilhões. A indústria gaúcha emprega aproximadamente 902 mil trabalhadores.
INDÚSTRIA DIVERSIFICADA
O estudo também apresenta resultados em relação à diversidade da indústria. Os Estados mais destacados neste aspecto são, pela ordem, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Amazonas. Os com a indústria mais concentrada, isto é, com menor diversidade de setores, são Piauí, Distrito Federal e Roraima.
No caso da indústria gaúcha, os principais segmentos estão na Construção (21,7%) - atividade que mais ganhou participação na indústria do RS, 3,9 pontos percentuais entre 2007 e 2013 -, Alimentos (11,5%), Veículos automotores (9,5%), Máquinas e equipamentos (8,2%) e Químicos (5,8%). Juntos, esses setores representam 56,7% do total da indústria do Estado.
RIO GRANDE DO SUL
- PIB industrial: R$ 69,5 bilhões
- Participação no PIB industrial nacional: 6,1%
- Variação da participação no PIB industrial nacional (entre 2010 e 2013): perda de 0,2 p.p.
- Número de trabalhadores: 901.813
- Participação da indústria no PIB do estado: 24,3%
- Variação na participação da indústria no PIB do estado (entre 2010 e 2013): queda de 3,6 p.p.
- Principais setores: Construção (21,7%), alimentos (11,5%), veículos automotores (9,5%)
- Exportação do setor: US$ 8,006 bilhões em 2015
- Salário médio: R$ 2.024,70 (10,5% abaixo da média nacional)
- Curiosidade: Possui o maior salário médio da região Sul
COMPOSIÇÃO SETORIAL DO RS
- Construção: 21,7%
- Alimentos: 11,5%
- Veículos automotores: 9,5%
- Máquinas e equipamentos: 8,2%
- Químicos: 5,8%
- Serviços industriais de utilidade pública: 5,4%
- Couros e calçados: 4,9%
- Produtos de metal: 4,9%
- Fumo: 3,4%
- Borracha e material plástico: 3,2%
- Móveis: 3%
- Minerais não metálicos: 2%
- Metalurgia: 1,8%
- Bebidas: 1,8%
- Derivados de petróleo e biocombustíveis: 1,8%
- Outros equipamentos de transporte: 1,5%
- Máquinas e materiais elétricos: 1,5%
- Produtos diversos: 1,3%
- Celulose e papel: 1,2%
- Manutenção e reparação: 1,1%
- Madeira: 0,9%
- Informática, eletrônicos e ópticos: 0,9%
- Vestuário: 0,9%
- Têxteis: 0,6%
- Impressão e reprodução: 0,5%
- Extração de minerais não-metálicos: 0,3%
- Farmacêuticos: 0,2%
- Extração de carvão mineral: 0,2%