O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI-RS), divulgado nesta quinta-feira (7) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), voltou a crescer em janeiro de 2024, na comparação com dezembro de 2023: 2,9%. Apesar da alta significativa, a quinta nos últimos 12 meses, ela apenas recupera as duas quedas anteriores (que totalizaram 2,5%). “O resultado do IDI reforça a hipótese de que há uma mudança na tendência da atividade industrial, de negativa, que predominou de setembro de 2022 a julho de 2023, para um quadro de estabilidade, mas ainda instável. O período de maior deterioração parece ter ficado para trás, porém, a atividade industrial gaúcha ainda não dá sinais de retomada”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry. De fato, o IDI-RS de janeiro de 2024 está em um nível 4,6% acima ao anterior à pandemia, em fevereiro de 2020. Mas continua no mesmo patamar de seis meses atrás, revelando certa estagnação, e ainda é 9,7% abaixo do pico mais próximo, ocorrido em agosto de 2022.
O IDI-RS é medido com base no desempenho de seis indicadores. Na virada do ano, recuaram somente o emprego e a utilização da capacidade instalada-UCI – cujo grau médio em janeiro ficou em 79,4% –, 0,3% e 0,6 ponto percentual, respectivamente. As compras industriais, ao aumentarem 9,6%, foram as principais responsáveis pela intensidade da taxa positiva, que teve ainda a contribuição da massa salarial real, 3%, e do faturamento real, 2,4%. Já as horas trabalhadas na produção ficaram estáveis no período.
Na comparação anual, o IDI-RS iniciou 2024 caindo 3,3% em relação a janeiro de 2023. Foi o 13º recuo consecutivo, mas a taxa menos negativa dos últimos oito meses. Nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, a atividade industrial gaúcha caiu 5,7% em relação aos 12 anteriores, entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023.
A retração do IDI-RS na comparação com janeiro de 2023 refletiu o desempenho negativo daqueles componentes mais diretamente associados à atividade produtiva: compras industriais (-7,2%), faturamento real (-6,6%) e horas trabalhadas na produção (-4,2%). A exceção foi a UCI, que subiu 0,3 ponto percentual. No mercado de trabalho, o ano começou com redução no emprego, -1,5%, e avanço da massa salarial real, 2,6%.
A atividade caiu em oito dos 16 setores pesquisados no primeiro mês do ano, em relação a janeiro de 2023. Entre eles, estão os cinco mais importantes da estrutura industrial gaúcha: Couros e calçados (-5,6%), Máquinas e equipamentos (-4,5%), Veículos automotores (-4,5%), Alimentos (-2%) e Químicos e derivados de petróleo (-0,9%), além da estabilidade no sexto, o de Produtos de metal. As contribuições positivas mais relevantes vieram de Tabaco (35,5%), Madeira (6,1%) e Móveis (2,8%).
A presença de otimismo e de confiança empresarial, mesmo que bastante moderados, os juros mais baixos, a inflação menor e os estoques ajustados configuram um quadro favorável para os próximos meses. Junta-se a isso a base deprimida, também pelos eventos climáticos de 2023, que deve ajudar a melhorar o desempenho no ano.
Mas 2024, segundo o presidente Gilberto Porcello Petry, ainda será um ano difícil. Os mesmos fatores que prejudicaram o desempenho do setor no ano passado continuam presentes: incerteza elevada com a questão fiscal e indefinições sobre a Reforma Tributária, além de baixos níveis de demanda. A efetivação do corte de incentivos fiscais de ICMS a partir de abril, caso ela ocorra mesmo, deve ter como consequência a perda de competitividade da indústria gaúcha e reflexo negativo em novos investimentos, com retomada lenta e gradual da indústria gaúcha nos próximos meses.