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Região Sul debate a desindustrialização

A desindustrialização e os impactos na logística e no desempenho da região sul do Brasil foram debatidos, nesta quarta-feira (4), durante a 14ª edição da Transposul. As federações das indústrias do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina participaram do encontro e seus representantes foram unânimes em apontar as reformas estruturais como o único caminho a ser trilhado para garantir o desenvolvimento econômico e social. "O sistema tributário brasileiro é danoso para as empresas. Nossos produtos chegam ao mercado em torno de 40% mais caros do que os importados. Quando abrimos os portões das fábricas para levarmos as mercadorias até os consumidores, encontramos impostos em vez de estradas", afirmou o presidente da FIERGS, Heitor José Müller, durante sua palestra no evento.

O presidente da FIERGS destacou ainda outros fatores que impactam negativamente no setor produtivo. "Estudo da Agenda 2020 aponta que o custo de logística no Estado representa 17,9% do PIB gaúcho". Segundo o industrial, um exemplo dessa situação é o congestionamento diário na BR 116, Região da Grande Porto Alegre. "Uma hora por dia dele custa R$ 624 milhões por ano. Com esse valor poderíamos construir uma nova estrada de 24 quilômetros de extensão. Infraestrutura é fator de competitividade em qualquer nação", assinalou. Também falou sobre o uso do câmbio, por outros países, como política de proteção. "A OMC (Organização Mundial do Comércio) não admite dumping cambial como protecionismo. Isso nos coloca numa posição muito desfavorável no comércio exterior".

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Hélio Bampi, salientou que o País está sofrendo um processo de desindustrialização precoce. "Nos anos 80, o setor industrial respondia por 40% do PIB nacional e agora é apenas 16%", alertou. O dirigente apontou o "Custo Brasil" como fator responsável por este cenário. "A eletricidade é a segunda mais cara do mundo e o custo do capital de giro chega a 6,7% do preço das mercadorias, contra 1,97% nas nações desenvolvidas. Temos também as altas tarifas com mão de obra, que estão 11% acima do praticado pelos nossos concorrentes e mais os gargalos em portos, aeroportos e rodovias", completou.

Em Santa Catarina, o risco de desindustrialização está mais focado nas indústrias de baixa intensidade tecnológica, principalmente em madeira, móveis e têxteis, conforme avaliação do diretor da Federação das Indústrias daquele Estado (Fiesc), Cid Erwin Lang. "A queda da participação da indústria catarinense no PIB e no emprego vem ocorrendo, porém de maneira tímida", avaliou. Lang lembrou ainda que apesar dos juros praticados no Brasil terem diminuído nos últimos meses, continua sendo um dos mais elevados do mundo.

O encontro, realizado na Transposul, contou com a mediação do presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas do RS (Fetransul), Paulo Vicente Caleffi, e da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Santa Catarina (Fetransesc), Pedro José de Oliveira Lopes.

Publicado quarta-feira, 4 de Julho de 2012 - 0h00