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Metodologia de aplicação da inovação é debatida no 4º Congresso sobre o tema na FIERGS

O painel Sistematização da Inovação: Orientação para o Desempenho das Empresas Emergentes, realizado na manhã desta quinta-feira no 4º Congresso Internacional de Inovação, debateu mecanismos para que a inovação seja efetivamente colocada em prática. "O grande desafio é como implementar a inovação e replicar para outras empresas. Nossa pauta de exportações é muito dependente de produtos primários. Por isso estamos aqui, para debater e ajudar empresas a implementar inovação, não apenas tecnológica, mas de processos, de gestão de pessoas", destacou o superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Carlos Roberto Cavalcante, moderador do encontro.

O diretor-geral e científico da consultoria GEN3 Partners e um dos maiores especialista do mundo em Teoria da Solução Inventiva de Problemas (TRIZ), Simon Litvin lembrou que das mil ideias que surgem nas empresas, poucas dezenas realmente são viáveis para sair do papel. Defendeu que existem três pontos necessários para o processo de inovação: ter conhecimento sobre o que se quer, sobre a metodologia a ser usada e conexão com projetos internacionais. "Normalmente, a solução para o seu problema já existe em alguma parte do mundo, por isso, é preciso estar atento ao que ocorre em outros países, mesmo que sejam necessárias adaptações", opina Litvin. "Identificar uma tecnologia ou uma forma de produzir já existente que possam ser aplicadas em novas áreas também é inovar", completa. Essa é a base da base da metodologia TRIZ − criada pelo russo Genrich Altshuller, que definiu um conjunto de ferramentas de apoio à criatividade e à inovação tecnológica orientada por 40 princípios que podem ser aplicados a qualquer problema, sobre o qual Litvin é especialista.

O TRIZ é muito estudado na Coreia do Sul e é o que inspira o processo de inovação do país, de acordo com o diretor do Center for Human Resource Development da Ajou University, Seung-Hyu Yoo. A Samsung, líder mundial no segmento de alta tecnologia, é um exemplo. "O TRIZ ajudou nossa sociedade a chegar em um nível maior de inovação. Hoje, muitas das nossa empresas são referência mundial em seus segmentos", ressalta Yoo, lembrando que o país tinha poucos recursos e que o treinamento e a dedicação das pessoas foram fundamentais para essa mudança de paradigma. Já o gerente de Inovação Tecnológica do Senai Nacional, Marcelo Oliveira Gaspar de Carvalho, abordou a pesquisa desenvolvida junto a diversos Centros Tecnológicos da entidade, para estruturar um "Modelo de Gestão da Inovação Senai", capaz de prover produtos e soluções diferenciadas para o setor industrial com foco de atuação em PD&I de modo rentável. "Nossa visão de futuro é, até 2015, ser referência na área de gestão da inovação", afirma Carvalho.

A inovação em processos foi tratada por Seung-Kyu Rhee, professor de operações e de gestão de cadeia de suprimento na Kaist Graduate School of Management, da Coreia do Sul, que apresentou o caso de inovação em sistemas de produção na operação da Hyundai na China. O país era uma área desconhecida e muito segmentada − diferentes classes sociais com poder de compra e a Hyundai precisou se adequar a essa realidade. "Para se ter uma ideia da complexidade desse mercado, a cada mês surgem dez novos tipos de carros na China para atender às diferentes demandas. Trata-se de um pesadelo para o departamento de suply chain", conta. "E a Hyundai teve de se adaptar, desenvolveu um sistema específico de produção para a China, com base em demandas diárias de produção".

Ao final do encontro, foram apresentados dois casos de sucesso na aplicação das metodologias TRIZ, aplicada na indústria de imóveis Lazzari, de Garibaldi, e a DoE (Design of Experiments), na Bins Indústria de Artefatos de Borracha, de São Leopoldo. Ambos aplicados com a orientação do Senai-RS.

Publicado quinta-feira, 17 de Novembro de 2011 - 0h00