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País precisa de política de industrialização, diz FIERGS

O ano se encerra com números positivos para a economia do Brasil e do Rio Grande do Sul, mas com um olhar atento de cautela para o que virá em 2011. Especialmente porque, nos últimos meses, o crescimento do País esteve centrado na forte elevação dos gastos públicos e no incentivo ao consumo das famílias, e menos na produção, que segundo o presidente de Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre, precisa ser ampliada com uma política de industrialização eficiente. Desta forma, evita-se o nítido desequilíbrio que ocorre atualmente entre oferta e demanda. "Não conseguimos produzir mais e mais barato, estamos importando demais", comentou Tigre, durante a entrevista de Balanços 2010 e Perspectivas 2011, realizada na quarta-feira (8), na sede da entidade.

De acordo com Tigre, a expansão da economia brasileira focada no consumo, em especial o das famílias, tem superado o incremento do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado mais nítido desse modelo foi o ano de 2009 quando, mesmo com o PIB total caindo 0,2%, o consumo se expandiu 4%. Esta fórmula, todavia, tem dado sinais de esgotamento. "Claramente, esse parece ser um resultado insustentável pelo modelo de crescimento atual, centrado no gasto, com pouca participação dos investimentos", alertou o industrial.

O PIB do País deve chegar a 7,5% em 2010, e a estimativa da FIERGS é de que não supere os 3,8% em 2011 . No Estado, a perspectiva é ainda maior para este ano, com 8,9% de incremento em relação a 2009 (mas uma queda para 2,2% em 2011). Existem diversos indicadores que sinalizam para taxas mais amenas de aumento para o País e o Estado a partir de agora. Entre eles, as vendas do comércio, a produção industrial, o ritmo de contratações, as exportações e o gasto público, que já encontrou o limite da arrecadação. "Precisamos diminuir nossos custos. A diminuição dos custos terá que se transformar em investimentos efetivos", enfatizou Tigre.

Situação no RS − No Rio Grande do Sul, 2010 finaliza com um ciclo econômico positivo, com taxa de crescimento do PIB disseminada em todos os setores industriais. O cenário internacional, porém, coloca em risco a possibilidade de manter a mesma evolução em 2011. A queda da atividade econômica gaúcha sob a influência da crise foi bem mais acentuada (8,3%) do que a verificada no País (4,7%).

Ao traçar três cenários (otimista, moderado e pessimista) para a economia do Estado em 2011, não há expectativa de queda em qualquer indicador industrial pesquisado. Todos, porém, apontam para uma taxa positiva inferior à observada em 2010. A perspectiva moderada, a com maior possibilidade de ocorrer nos próximos 12 meses, indica que haja um crescimento de 3,5% para o Índice de Desempenho Industrial (IDI/RS). O mesmo ocorre com a produção industrial gaúcha, que deverá expandir 2,9%. Na projeção pessimista, o IDI/RS prevê um aumento de 2,4% e de 1,9%, respectivamente. Por fim, no cenário otimista, a recuperação do setor deverá ser alcançada com a marca de 4,7% no IDI/RS e de 3,7% na produção da indústria gaúcha.

Comparativamente aos demais Estados, o setor industrial do Rio Grande do Sul sofre, em 2010, com um desempenho inferior à maioria. No caso da produção, deverá registrar a terceira pior taxa de crescimento (9,1%), à frente apenas de Santa Catarina (8,3%) e Pará (2,4%), e muito atrás do índice total nacional (13,1%). Contribui para isso o modelo de crescimento econômico escolhido pelo País nos últimos anos, em uma conjuntura em que predomina a valorização do real e que privilegia, especialmente, o mercado interno, afetando diretamente um Estado com vocação exportadora como o RS.

Publicado quarta-feira, 8 de Dezembro de 2010 - 0h00