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FIERGS defende ampliação dos esforços de negociação com os EUA

Os desdobramentos da sobretaxa imposta pelo Brasil, na segunda-feira (8), a 102 produtos dos Estados Unidos, como retaliação ao subsídio do algodão norte-americano, preocupam o setor industrial do Estado. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre, diversos segmentos gaúchos podem ser prejudicados no futuro. Entre as consequências está a não-renovação do Sistema Geral de Preferências (SGP), uma concessão do governo daquele país para adquirir itens brasileiros com redução de tarifas. "Todos os anos os Estados Unidos renovam o benefício, pode ser que no final de 2010, isso não ocorra. Uma briga de algodão virou uma briga para diferentes áreas da economia", lamentou o industrial.

A decisão de elevar as tarifas de importação sobre uma ampla gama de produtos norte-americanos tem o aval da Organização Mundial de Comércio. O painel movido pelo Brasil na OMC chegou a uma conclusão final, depois de mais de sete anos de discussão, condenando os subsídios garantidos ao algodão pelos Estados Unidos.

O presidente da FIERGS lembra que aquele país está entre os três principais destinos das exportações gaúchas. Em 2009, ano da crise econômica mundial, foi o terceiro comprador. Em 2008, o segundo. Dos 102 produtos divulgados para retaliação, o Rio Grande do Sul importa um pouco mais de 1% do valor total do Brasil. Da lista proposta pelo governo brasileiro, apenas 15 itens são mais significativos para o Estado (ver lista abaixo). "Então essa condição de retaliação cruzada traz sempre um desarranjo, com impacto em diversas cadeias produtivas", disse Tigre.

Para o setor industrial gaúcho, a retaliação cruzada deve ser avaliada com muito cuidado, pois pode também acarretar impactos negativos à segurança jurídica dos investimentos diretos no Brasil. O melhor cenário, segundo Tigre, seria a reformulação do sistema de subsídios ao algodão para adequá-los às regras da OMC. "A indústria estimula os esforços para entendimentos bilaterais e para o fortalecimento dos mecanismos de solução de controvérsias", destacou. No entanto, conforme o presidente da FIERGS, a retaliação tornou-se inevitável porque não houve sinais de mudanças no sistema americano.

Dos produtos brasileiros da lista de retaliação, segue os que são mais relevantes em valor para o RS, nas suas importações dos EUA:

Produtos

produtos de perfumaria

Sebo bovino, em bruto

Automóveis com capacidade de transporte de pessoas sentadas inferior ou igual a seis, incluído o motorista - De cilindrada superior a 3.000cm³

Mistura de isômeros de disciocianatos de tolueno

Outras decalcomanias de qualquer espécie

Concentrados de proteínas e substâncias protéicas texturizadas

Outros automóveis com capacidade de transporte de pessoas sentadas inferior ou igual a seis, incluído o motorista - De cilindrada superior a 3.000cm³

Pêras frescas

Artigos e aparelhos para fraturas

Outras agulhas

Motocicletas com motor de pistão alternativo de cilindrada superior a 800cm³

Barcos a motor, exceto com motor fora-deborda (tipo "outboard")

Tapetes de náilon ou de outras poliamidas

Tecido impregnado/revestido com outros plásticos

Outras preparações alimentícias

Publicado Terça-feira, 9 de Março de 2010 - 0h00