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Atividade Industrial do RS é a menor desde 1992

A atividade da indústria gaúcha caiu 14,2% no primeiro trimestre de 2009, em comparação com o mesmo período do ano passado. Foi o maior recuo desde 1992, quando iniciou a série histórica do Índice de Desempenho Industrial do RS (IDI-RS). "A forma como a crise internacional se manifesta na economia brasileira faz, da indústria, o setor mais atingido. E, as particularidades dela no Estado, acabam por nos dar uma tonalidade diferente", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre, nesta terça-feira (5), ao divulgar a pesquisa.

De acordo com Tigre, a grande intensidade das perdas e a sua disseminação entre a maioria dos setores pesquisados continuam sendo as características predominantes. Todas as variáveis analisadas registraram quedas expressivas no acumulado do ano. Aquelas que se referem à atividade produtiva foram as mais afetadas: faturamento (-16,4%) e compras (-33,1%). A primeira reflete, principalmente, as dificuldades com as exportações, ao passo que, a segunda, deixa antever que o setor deve continuar enfrentando problemas. A utilização da capacidade instalada desacelerou 9,3%, registrando uma taxa de ociosidade de 22,2% nas linhas de produção, a mais acentuada desde 1993.

A desaceleração na indústria também atingiu o mercado de trabalho e todas as três variáveis que apontam seu comportamento mostraram quedas. As horas trabalhadas, a massa salarial e o emprego caíram 12,2%, 5,7% e 3,8%, respectivamente. Essa retração também é disseminada, como revela o índice de difusão, onde 50% das empresas analisadas diminuíram sua folha de pagamento, e atinge, principalmente, os municípios onde a atividade industrial se faz mais presente. Os segmentos que mais reduziram vagas no período foram Fumo (-32,5%), Couro e Calçados (-9,4%), Máquinas e Equipamentos (-7,8%), Borracha e Plástico (-6%) e Móveis (-3,2%).

De um total de 17 diferentes atividades industriais analisados no trimestre, 15 apontaram queda. Os maiores recuos foram em Químicos (-28,6%), Metalurgia Básica (-26,5%), Produtos de Metal (-26%) e Máquinas e Equipamentos (-18,9%). Apenas Têxtil e vestuário obtiveram elevação de 2,5% e 0,7%, respectivamente. "Os efeitos da turbulência global estão sendo sentidos na maioria dos segmentos, principalmente aqueles com importante participação na riqueza gaúcha", disse o presidente da FIERGS, destacando que as desacelerações têm ficado acima 20%, um recorde histórico.

O resultado apurado pelo IDI-RS no acumulado do ano já vinha sendo captado por outras pesquisas realizadas pela FIERGS, como a Sondagem e o Índice de Confiança do Empresário Industrial no Rio Grande do Sul. "O sentimento negativo do industrial gaúcho demonstra, em grande parte, as dificuldades conjunturais que o setor enfrenta", ressaltou Tigre. Conforme apurado, os principais problemas enfrentados pelas indústrias estão concentrados na falta de demanda (na opinião de 67,8% dos entrevistados), elevada carga tributária (54,8%), na competição acirrada de mercado (42,6%) e nas taxas de juros elevadas (32,2%).

Publicado Terça-feira, 5 de Maio de 2009 - 0h00