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A edição de 2022 da Feira Sial Paris termina com a expectativa de que as mudanças de comportamento de um consumidor mais atento irão influenciar cada vez mais a maneira como a indústria produz. Foram cinco dias, entre 15 e 19 de outubro, nos quais o principal evento do setor de alimentos da Europa, que recebeu 300 mil visitantes e mais de 7 mil expositores de 119 países, apresentou as inovações e as tendências para o mercado global de alimentos. A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), liderada pelo presidente Gilberto Porcello Petry, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS), levou mais de 50 gaúchos para participar do evento. “Embora a feira seja da área de alimentos, percebe-se projeção de mudanças de comportamentos que se aplicam também em outras áreas industriais e nas relações humanas, do trabalho e do consumo”, avalia Gilberto Petry.

A delegação do RS se uniu à comitiva coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), fechando a maior delegação brasileira na história na feira, com 225 participantes. “A matriz alimentar em transformação. O plant-based (alimentos produzidos a base de vegetais integrais) começa a ter destaque, especialmente como alternativa à carne animal, sendo absorvido por um público mais jovem e com apelo pela preservação do meio ambiente. Indica a possibilidade de que precisaremos cada vez mais repensar a cadeia produtiva que se reconstruirá a partir disso”, diz o presidente da FIERGS e do Conselho Deliberativo do Sebrae-RS.

Foram mais de cem empresas brasileiras do setor de alimentos em Paris. Destas, 20% eram ligadas à área de produtos orgânicos e/ou sustentáveis. Em 2021, o mercado de orgânicos brasileiro teve crescimento de 12%, com vendas de R$ 6,5 bilhões. No ano anterior, o setor se expandiu 30% na comparação com 2019, com faturamento de R$ 5,8 bilhões.

Segundo Petry, a imensa variedade de alternativas alimentares exigirá mais capacidade produtiva das indústrias e abrirá mais vagas qualificadas que serão difíceis de preencher. “O investimento financeiro e metodológico da educação profissional deverá ficar atento para acompanhar esse ritmo e ajudar a diminuir essa lacuna. A falta de profissionais qualificados é assunto mundial”, ressalta. “A cultura de produtos saudáveis exigirá revisão dos processos logísticos de maneira a encurtar o tempo entre colheita e disponibilidade ao cliente, e a automação será presença em diversos pontos da cadeia, incluindo cozinhas robotizada, entregas por robôs e drones”, finaliza.

De acordo com dados do Panorama Comercial Brasileiro, desenvolvido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN-RS) da FIERGS, o Rio Grande do Sul vem aumentando as exportações de produtos manufaturados e semimanufaturados de alimentos e bebidas. No primeiro semestre de 2022, as exportações destes setores estão em um alto superávit de US$ 650,9 milhões, comparado aos de primeiro semestre dos anos de 2021 (US$ 293,6 milhões), 2020 (US$ 162,3 milhões) e 2019 (US$ 120,2 milhões). No Brasil, o setor alimentício é o maior empregador industrial, com mais de 1,6 milhão de trabalhadores em 45 mil empresas.

PRÊMIO INOVAÇÃO
A medalha de ouro no Sial Innovation foi para a IO’Dés, produto que é uma alga em cubos, que acabou premiado por causa de sua praticidade e valor nutritivo. Os donos da ideia são da empresa francesa Zalg, que congelam os cubos para serem fritos, ficando com textura crocante depois de prontos.

Publicado quinta-feira, 20 de Outubro de 2022 - 16h16