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Especialistas destacam que políticas de igualdade de gênero trazem benefícios às empresas

Pesquisa divulgada no começo deste mês pela CNI revela que a cada dez indústrias brasileiras, seis contam com programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero. Com esta questão cada vez mais em debate, a FIERGS realizou o evento Diálogos sobre a Importância da Mulher na Indústria, em formato híbrido.

Segundo a auditora fiscal do trabalho Bruna Quadros, o mercado atualmente cobra da empresa que permite algum tipo de opressão às mulheres, e aquela que não adotar políticas voltadas a este tema ficará para trás, pois a sua concorrente “já começou a olhar para isso”.

O diretor do CIERGS e coordenador do Conselho de Relações do Trabalho (Contrab) da FIERGS, Guilherme Scozziero, falou na abertura do encontro, realizado em parceria com a Superintendência Regional do Trabalho no RS, na terça-feira. Ressaltou ser importante observar que as indústrias cada vez mais promovem ambientes de trabalho saudáveis e seguros. Isso se dá com a implantação de políticas que valorizem a mulher e coíbam qualquer tipo de discriminação. Scozziero entende que a busca da igualdade salarial entre homens e mulheres envolve políticas públicas e iniciativas conjuntas adequadas, como estímulo a mulheres em carreiras mais valorizadas e em posições de liderança, trazendo engajamento social em relação ao tema.

O superintendente regional do trabalho no Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo, disse que a preocupação precisa ser com o fortalecimento dos mecanismos de vigilância contra o trabalho análogo à escravidão e ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.

Dados do Data Social 2023 da PUCRS sobre a desigualdade de gênero no Rio Grande do Sul revelam que as mulheres gaúchas que estão no mercado de trabalho possuem 1,1 ano de escolaridade a mais em média do que os homens. Mesmo assim, a renda dos homens é 37% superior. Além disso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, mulheres não ocupam nem quatro de cada dez cargos gerenciais existentes no mercado de trabalho no País.

A head of learning & development Brazil & Latin America, Nelice Heck, destacou que iniciativas de diversidade de gênero aprimoram os resultados de negócios. Com base em pesquisa da Organização Internacional do Trabalho com 13 mil empresas de 70 países, mais de 75% das companhias entrevistadas afirmam que iniciativas pela diversidade de gênero contribuem para o melhor rendimento dos negócios, e praticamente o mesmo percentual relatou aumento nos lucros entre 5% e 20% após promoverem esta iniciativa. Apesar disso, destacou Nelice, de acordo com relatório do Fórum Econômico Mundial do ano passado, no atual ritmo serão necessários 132 anos para que a paridade completa entre homens e mulheres seja alcançada no mercado. O cálculo foi feito considerando participação econômica e oportunidade; nível de escolaridade; saúde e sobrevivência; e empoderamento político.

O evento foi mediado pela advogada e conselheira do Contrab, Alessandra Lucchese. Também participaram a diretora da Escola Jucis-RS e membro do comitê EmFrente Mulher, Priscila Bühler; a presidente do Comitê de Diversidade e Inclusão da Amcham RS, Clarissa Daroit; o gerente de Recursos Humanos, Operações Brasil e Subsidiárias América do Sul da John Deere, Edinei Schemes; a gerente de diversidade, equidade e inclusão da  John Deere, Karina Chaves; a especialista sênior de RH da Yara América, Athena Milani; a auditora fiscal do Trabalho, Ana Costa; a global head de financial planning & analysis, thoughtworks, Daniele Martins; e a gerente de operações do Senai-RS, Jussânia Gnoatto.

Assista ao evento na íntegra:

Publicado quinta-feira, 30 de Março de 2023 - 16h16