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Levantamento preliminar de uma consulta realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) revela a gravidade da situação de empresas severamente atingidas pelas enchentes de maio, especialmente por conta da situação crítica com relação ao seu quadro de pessoal. Segundo os resultados da pesquisa, 55% colocam o problema para lidar com seus funcionários, incluindo a quitação dos salários, entre os principais entraves no momento. Fica atrás apenas das dificuldades logísticas, com 63% das respostas. “Com muitas empresas ainda sem produção e faturamento desde o início de maio, a capacidade para cumprir obrigações trabalhistas até o quinto dia útil de junho está severamente comprometida”, alerta o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.

Diante deste difícil cenário, o presidente da FIERGS destaca a importância de serem tomadas medidas urgentes de suporte financeiro que garantam o pagamento de salários e evitem demissões. Dentre os principais pedidos da indústria gaúcha estão a reativação de medidas emergenciais de manutenção do emprego, como o Benefício Emergencial (BEm) e o Programa Emergencial de Suporte a Empregos (Pese). Para se ter uma compreensão da magnitude desses programas, somente nos 78 municípios considerados em estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, conforme o Decreto Estadual nº 57.626/2024, há quatro anos, durante o primeiro ano da pandemia, foram celebrados 832 mil acordos no âmbito do Benefício Emergencial. Isso representou uma proteção para cerca de 393 mil trabalhadores nessas localidades na ocasião. “A ação imediata é crucial para evitar o colapso de empresas afetadas direta e indiretamente pelas enchentes e a perda de milhares de empregos no Rio Grande do Sul”, diz Gilberto Petry, pedindo um esforço conjunto aos governos federal, estadual e municipal para garantir o suporte necessário à superação desse momento crítico.

A situação atual do Rio Grande do Sul pode ser traçada em paralelo com o que ocorreu durante a pandemia da Covid-19, em que empresas enfrentaram dificuldades em cumprir suas obrigações trabalhistas. Dados da UEE da FIERGS, na época, coletados em maio de 2020, revelaram que cerca de 30% das indústrias gaúchas buscaram crédito para arcar com a folha de pagamentos naquele momento. Convém destacar, porém, que as causas das dificuldades financeiras das empresas são distintas, de modo que a crise decorrente das enchentes de 2024 pode ter amplificado o impacto sobre a folha de pagamentos. Além da queda na produção e faturamento, as indústrias ainda terão que arcar com custos adicionais de reparo e reconstrução.

A pesquisa sobre os impactos das enchentes na indústria gaúcha vem sendo elaborada pela FIERGS, por meio da Unidade de Estudos Econômicos (UEE) e da Unidade de Desenvolvimento Sindical (Unisind), e seu resultado completo deverá estar disponível na próxima semana.
 
CAPITAL DE GIRO
Além da preocupação com o pagamento dos salários, Gilberto Porcello Petry lembra ainda que as empresas precisam de capital de giro imediatamente para saldar seus compromissos que vencem diariamente. Para ele, o RS está em uma situação de emergência e por isso são necessários recursos que cheguem na ponta, ou a economia será devastada pela inviabilidade de as empresas se reerguerem.
 

Publicado Terça-feira, 4 de Junho de 2024 - 16h16