O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI-RS) caiu 1,4% em fevereiro de 2022 na comparação ajustada sazonalmente com janeiro, mostrando, após a sequência de altas de junho a novembro de 2021, oscilação nos últimos três meses. Apesar disso, em fevereiro estava 9,3% acima do mesmo mês de 2020 (pré-pandemia). A pesquisa, elaborada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, foi divulgada nesta segunda-feira (4). “Após uma boa trajetória positiva que vinha do segundo semestre do ano passado, os resultados mostram uma acomodação da atividade, devido, principalmente, à forte expansão de casos da nova cepa da covid-19 e da estiagem”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry. Ele lembra que apesar da rápida reversão na pandemia em março, a indústria do Estado deve enfrentar um cenário bem mais desfavorável nos próximos meses pelos efeitos da guerra na Ucrânia nos custos de produção, principalmente nos preços (e menor oferta) dos insumos, matérias-primas e das commodities energéticas. Conforme Petry, a atividade do setor também deve ser atingida pelo menor crescimento mundial, pelo aumento da inflação e dos juros domésticos e por maiores dificuldades logísticas.
O desempenho negativo do IDI-RS em fevereiro repercutiu as quedas das compras (-3,7%) e do faturamento real (-3,9%). Os demais componentes cresceram: horas trabalhadas na produção (+0,5%), emprego (+0,3%), massa salarial real (+1,5%) e utilização da capacidade instalada-UCI (+0,4 ponto percentual), que atingiu 81,6% em fevereiro de 2022.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, beneficiado por dois dias úteis a mais – o carnaval em 2022 foi em março –, o índice de atividade (sem ajuste sazonal) cresceu 3,7% em fevereiro, a décima oitava taxa positiva consecutiva, mas a menor das últimas dezesseis. Também nesta métrica, o desempenho do IDI-RS é expressivo, quando a comparação se estende a fevereiro de 2020 (mês anterior aos efeitos da pandemia no país): +10,7%.
ACUMULADO EM 2022
No acumulado do primeiro bimestre de 2022, a atividade industrial gaúcha exibiu avanço de 4,4% frente os primeiros dois meses do ano passado, com destaque para as altas de 8,2% das compras industriais e de 7,9% das horas trabalhadas na produção. O calendário mais uma vez ajudou com três dias uteis a mais do que no período equivalente de 2021. O emprego (+5,7%) e a massa salarial real (+8,2%) também iniciaram o ano mostrando crescimento. Já a UCI (-1,8 ponto percentual) foi o único componente que caiu no período.
A expansão anual da atividade industrial gaúcha não foi disseminada no início de 2022, atingindo nove dos dezesseis setores analisados. Os destaques positivos, pela contribuição dada ao resultado global, ficaram por conta dos desempenhos da indústria de Máquinas e equipamentos (+15,0%), de Veículos automotores (+15,8%) e de Informática e eletrônicos (+23,8%). Entre os recuos mais relevantes, estão os setores de Alimentos (-2,8%), de Móveis (-10,4%) e de Produtos de metal (-3,9%).