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Economista afirma que os Brics viraram o mundo de cabeça para baixo

Olhar para novos mercados é o caminho para as empresas brasileiras que buscam a internacionalização dos seus produtos. Esta foi a principal mensagem do economista Ricardo Amorim no Seminário Inteligência Comercial, realizado nesta quarta-feira (28), em Porto Alegre. "Os Brics são os novos donos do mundo. Três quartos do crescimento global nos últimos anos vêm dos países emergentes. Eles colocaram o mapa mundial de cabeça para baixo", afirmou na abertura do evento, que foi promovido pelo Sistema FIERGS, por meio do Centro Internacional de Negócios do Rio Grande do Sul e Senai. Segundo o diretor-regional do Senai, José Zortéa, com este cenário, "o conhecimento surge, então, como um diferencial competitivo, a fim de prospectar demandas e, de outra parte, antecipar-se a tendências de mercado".

De acordo com o economista, desde a virada do milênio, o centro de gravidade do avanço mundial vem saindo dos Estados Unidos e Europa e indo em direção aos mercados emergentes. Os efeitos negativos das crises imobiliária, financeira e fiscal nos países ricos intensificarão este processo, alçando o Brasil a uma posição de liderança econômica global devido a um forte crescimento na demanda de commodities e um aumento significativo da oferta de capitais, renda e crédito no País. "Na próxima década, esta tendência ficará ainda mais marcante", afirmou Amorim. Para ele, até 2022, o Brasil será a terceira maior economia do mundo ficando apenas atrás da China e dos Estados Unidos.

A China e Índia, principais eixos da expansão mundial hoje, são muito populosos, ainda pobres, e em processo de urbanização, disse Amorim. Por isso, a demanda mundial por matérias-primas continuará acelerada, favorecendo regiões produtoras de produtos básicos. Desta forma, o interior do Brasil continuará a expandir mais do que os grandes centros urbanos.

Outro ponto lembrado na palestra por ele é o destaque das empresas de países emergentes no cenário mundial. "Muitas delas já são as maiores do mundo em vários setores, incluindo bancos, telecomunicações, petróleo, alimentos e automóveis. Com isso, corporações brasileiras se tornaram líderes globais em seus setores, como Brasil Foods, Embraer, Marfrig, Ambev e Petrobras. Ao mesmo tempo, a importância do País para o resultado das multinacionais instaladas no País também tem aumentado e, em vários casos, é maior do que da própria matriz".

No mercado interno, a inflação baixa, os aumentos reais do salário mínimo e programas de distribuição de renda continuarão a empurrar para cima o poder de compra dos consumidores e regiões mais carentes do País, impulsionando o consumo. "Nos últimos cinco anos, 55 milhões de brasileiros ingressaram nas classes A, B e C, ampliando exponencialmente o mercado consumidor nacional. Essa quantidade de pessoas equivalente a, praticamente, toda população da Itália", disse.

Durante sua palestra, Amorim mostrou que o Brasil precisa se acostumar com outras variáveis econômicas. "Nós passamos a dar certo e, portanto, passamos a enfrentar problemas com os quais não estávamos acostumados", observou. "E mesmo que gargalos como corrupção, carga tributária, infraestrutura, educação e saúde não tenham sido solucionados, a economia do País cresceu e está condenada a crescer", concluiu.

Ricardo Amorim é formado em Economia pela USP e pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela Essec de Paris. Atuando no mercado financeiro desde 1992, trabalhou em Nova York, Paris e São Paulo, sempre como economista e estrategista de investimentos.

Publicado quinta-feira, 29 de Março de 2012 - 0h00