Mil e duzentas toneladas de resíduos são geradas diariamente em Porto Alegre e levadas ao aterro sanitário localizado em Minas do Leão, a 85 quilômetros da Capital, contabilizando altos custos de transporte para a prefeitura. Outros 140 municípios gaúchos também encaminham dejetos para o local, e a estimativa é de que dentro de 23 anos a área esteja saturada para o recebimento de material. E a tendência é de crescimento. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que enquanto a população brasileira cresceu cerca de 12% em uma década, a produção total de lixo aumentou 7% apenas em 2010. Uma das soluções para essa realidade é o reaproveitamento dessa sobra para a produção de energia.
Debater essas alternativas foi o objetivo do Energiplast − Fórum Brasileiro de Reciclagem Energética de Resíduos Sólidos com Ênfase em Plásticos, realizado nesta quinta-feira (22), na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast). "Esse evento faz um exame sério e técnico sobre o uso econômico daquilo que a sociedade se desfaz e que essa mesma sociedade pode retornar em forma de benefício", destacou o presidente da FIERGS, Heitor José Müller, na abertura do Energiplast.
O presidente do Sinplast, Alfredo Schmitt, salientou a importância de expor o tema para conhecimento da sociedade. "O que fizemos aqui hoje foi trazer uma discussão importante sobre um novo modo de reciclagem no Brasil, que é um complemento ao processo mecânico. Precisamos discutir o tema junto com a academia, sociedade, poder público, e dar um encaminhamento para as futuras questões relacionadas ao lixo e aos aterros sanitários", opinou Schmitt, reforçando a importância do uso das sobras do plástico. "Com a ascensão econômica da população brasileira, o consumo de plástico vai crescer e surge uma oportunidade para a reciclagem", completa Schmitt. Em países como Alemanha e Holanda os aterros sanitários foram abolidos. Além disso, 35 países no mundo utilizam energia gerada a partir da queima de lixo. Somente no Japão, há cerca de 250 usinas que produzem desta forma.
O Energiplast também contou com palestras e apresentação de cases da Braskem, Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), prefeitura de São Bernardo do Campo, Sil Soluções Ambientais, Usina Verde e da Nova Energia e Desenvolvimento Energético S/A.