Você está aqui

Especialistas debatem o papel das empresas emergentes

Os mercados emergentes têm despertado grande interesse por seu papel na economia, e é indiscutível o potencial de desenvolvimento industrial dos países conhecidos por oferecerem as maiores vantagens competitivas no mapa da produção global. Esse foi o tema debatido, na manhã desta quarta-feira (16), no painel "Empresas Emergentes em Países Emergentes", do Congresso Internacional de Inovação, realizado pelo Sistema FIERGS.

O professor da Universidade Nacional da Irlanda e pesquisador de investimentos em P&D, Seamus Grimes, falou sobre os investimentos em P&D na China. Segundo ele, os empresários e o governo chinês pensam a inovação dentro dos limites do país, com foco nas suas próprias necessidades. "Isso significa que para eles a inovação não é algo global, mas sim local. Com um mercado consumidor gigantesco, a China quer ter a soberania sobre a propriedade intelectual do que é produzido dentro do seu território", explicou. Ele destacou que devido a esse enfoque, as multinacionais não sabem se devem seguir adiante com suas atividades, pois há uma grande competição com as companhias chinesas e um alto controle do governo. Em relação ao aprendizado e a pesquisa, a bordagem chinesa prioriza a reprodução de produtos. "A China é mestre em usar a tecnologia existente e estratégica no controle de recursos, mas a criatividade é o problema".

O diretor na Singapore Economic Development Board, a principal agência de desenvolvimento econômico de Cingapura, Chin Tah Ang, salientou que a política industrial é tornar o país asiático uma "plataforma viva" para testes de novos produtos e tecnologias. Com essa meta, a pequena nação, que tem 5 milhões de habitantes e é do tamanho do Estado do Rio de Janeiro, abriga 38 mil multinacionais. "O consumidor asiático é exigente e diferenciado, o que é um desafio para as grandes companhias". Ang salientou ainda que o "capital humano" é uma prioridade, principalmente nas áreas científicas. "O governo e as agências de investimentos disponibilizaram US$ 1 bilhão em bolsas de estudos de doutorado nas melhores universidades do mundo".

Lembrou que cerca de 10 mil brasileiros trabalham em empresas do país asiático e uma das cinco agências de desenvolvimento de Cingapura em outros países tem sede em São Paulo.

Seung-Hyun Yoo, da Coreia do Sul, professor de Engenharia Mecânica, diretor do Center for Human Resource Development da Ajou University (Suwon − Korea), tratou dos paradoxos que o seu país enfrenta. Salientou que as pequenas e médias empresas são maioria (99%) e respondem por 88% de todos os empregos gerados. "Apesar disso, ainda há um longo caminho a percorrer para que recebam apoio necessário ao seu desenvolvimento", revelou, dando como exemplo a distribuição de incentivos. Dos 3,74% do PIB investidos em P&D 73,8% deste percentual vão para as grandes empresas. "Apesar de muitas contradições, nossas pequenas e médias empresas estão lutando para inovar", afirmou. Já em relação ao capital humano, o governo e as instituições de ensino da Coreia do Sul apostam na formação dos jovens. "Somos o atual campeão global em habilidades profissionais", lembrou.

Erwin Rezelman, presidente do Laboratório de Inovação da SAP Brasil, apresentou a forma com que a SAP estimula a inovação em cada mercado que atua. Segundo o executivo, a empresa tem 15 laboratórios no mundo para o desenvolvimento de softwares para empresas.

Publicado quarta-feira, 16 de Novembro de 2011 - 0h00