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As exportações da Indústria de Transformação gaúcha no primeiro semestre de 2024 apresentaram uma queda de 10,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foi um recuo de US$ 892 milhões sobre o total de US$ 7,4 bilhões comercializados com o exterior. “O reflexo das enchentes, com interrupção da produção e obstrução de vias, ainda será sentido por um tempo que é difícil de precisar, a malha produtiva ainda não se estabilizou. Além disso, com um cenário internacional menos aquecido, resultado de políticas monetárias mais contracionistas para conter o avanço da inflação, as vendas externas apresentam trajetória decrescente”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry.

Segundo levantamento realizado pela FIERGS, com base nos números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o resultado do semestre foi mais influenciado pela dinâmica das quantidades exportadas (-8,2%) do que dos preços médios de venda (-2,7%). Nesse período, 12 dos 23 segmentos que compõem a Indústria de Transformação apresentaram decréscimo em suas vendas quando comparados ao primeiro semestre de 2023. O resultado do acumulado nos primeiros seis meses de 2024, quando comparado à média do período nos últimos três anos, revela queda de US$ 370 milhões (-4,8%).

Por segmento, o resultado semestral de Alimentos (US$ 2,4 bilhões no total, ou -19,7% em relação aos primeiros seis meses de 2023), aquele que mais vendeu para outros países, foi influenciado principalmente por uma menor quantidade, 17,3%, de mercadorias enviadas ao mercado externo, visto que preços apresentaram retração de apenas 3%. Quanto aos ramos de produção, Óleos vegetais em bruto embarcou suas mercadorias principalmente para a Coreia do Sul. Já o Abate de aves teve seus produtos comprados majoritariamente pelos Emirados Árabes Unidos, enquanto o Abate de suínos enviou a maior parte de sua produção para a China. O resultado semestral do segmento ficou US$ 330 milhões abaixo de sua média de três anos.

Em segundo lugar, o segmento de Tabaco apresentou US$ 1,1 bilhão em exportações no primeiro semestre. A movimentação foi positiva visto o incremento de US$ 66 milhões nas receitas (+6,2%). Apesar da quantidade ter caído 10,1%, os preços médios avançaram 18,2%. O Processamento industrial do tabaco foi o principal destaque, com produtos embarcados principalmente para a China. O resultado ficou US$ 281,2 milhões acima da média de três anos para os primeiros seis meses do ano.

O terceiro segmento com maior receita com exportações nos primeiros seis meses de 2024, Químicos, apresentou faturamento de US$ 615,3 milhões (+US$ 3,7 milhões ou +0,6%). O desempenho dos preços médios (-15,9%) e da quantidade (+17,5%) apontam para um cenário de oferta mais expansiva. Desse segmento, destacou-se o ramo de Resinas termoplásticas, cujos principais embarques foram para a Bélgica. O resultado semestral ficou US$ 132,7 milhões abaixo de sua média de três anos.

Vale destacar também, na comparação do primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, os resultados negativos de Couro e calçados (total de US$ 449,7 milhões ou -3%), de Máquinas e equipamentos (US$ 448,7 milhões ou -28,9%) e de Veículos automotores (US$ 403,4 milhões ou -25,5%), todos impactados pelas chuvas intensas que atingiram o estado gaúcho em maio.

Em junho de 2024, o Rio Grande do Sul exportou US$ 1,2 bilhão em produtos da Indústria de Transformação, uma queda de US$ 121,7 milhões (-9,1%) frente ao mesmo período do ano passado. O resultado mensal foi puxado tanto por menores preços médios (-5,4%) quanto por uma diminuição nas quantidades (-3,9%). No período, somente nove segmentos apresentaram aumento em suas receitas com exportações. Alimentos apresentou o maior faturamento, apesar de uma retração de 14,6%. Também em queda (-3,5%) na comparação do período, Tabaco terminou em segundo lugar.

IMPORTAÇÕES
O Rio Grande do Sul importou US$ 5,9 bilhões nos primeiros seis meses de 2024, retração de US$ 1 bilhão frente ao mesmo período de 2023 (-14,8%). A menor demanda gaúcha por Bens intermediários (US$ 3,3 bilhões ou -12,3%) e por Bens de capital (US$ 1,1 bilhão ou -7,6%) sinaliza um mercado interno menos aquecido, visto o menor consumo, por parte da indústria do RS, de insumos e de maquinário utilizados diretamente no processo produtivo. A maior parte dos produtos importados pelo Estado foram os pertencentes ao segmento de Químicos (US$ 1,3 bilhão, -13,6%), principalmente aqueles relacionados aos Intermediários para fertilizantes, adquiridos majoritariamente do Marrocos e da Arábia Saudita.

Publicado quinta-feira, 11 de Julho de 2024 - 16h16