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O ano de 2023 se encerra com expectativas de crescimento diferentes para as economias do Brasil e do Rio Grande do Sul. Enquanto no País, a previsão de alta para o Produto Interno Bruto (PIB), que era de 1% no final de 2022, foi superada e deve se confirmar em 2,8%, no Estado o avanço previsto para o PIB é de 2,5%. Já para 2024, diante de um cenário de incertezas, a FIERGS prevê elevações de 1,5% no Brasil e de 4,7% no Rio Grande do Sul. Essas foram as projeções apresentadas durante a entrevista coletiva Balanço 2023 & Perspectivas 2024, na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), nesta quinta-feira (30). “A função do governo é fazer com que sobrem recursos para aplicar, e não trabalhar sempre no negativo causando aumento da dívida pública ou da carga tributária”, disse o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, ao comentar sobre as incertezas que preocupam os empresários e afugentam os investimentos, reconhecendo que, 2023, está sendo um ano difícil também em função da questão climática.

Outro ponto destacado pelo presidente que gera preocupação e também provoca incerteza, é em relação à proposta do governo do Estado de elevar a alíquota básica do ICMS de 17% para 19,5%, que a FIERGS é contra.

No Rio Grande do Sul, a boa safra de grãos esperada para 2023 sofreu os impactos da estiagem no início do ano. Porém, devido à seca ter sido menos intensa que a verificada no ano anterior, a Agropecuária deve apresentar crescimento expressivo este ano. De acordo com análise da Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da FIERGS, a Indústria teve reflexos de uma conjuntura desfavorável que combinou juros altos e baixa confiança dos empresários. Segundo o economista-chefe da FIERGS, Giovani Baggio, dentro do cenário interno, o pouco comprometimento do governo com as contas públicas é um fator de muitas dúvidas, e afeta também a trajetória dos juros.

A produção industrial gaúcha registrou uma queda de 5,1% no acumulado do ano até setembro de 2023, em contraste com a estabilidade observada no Brasil. Para Baggio, em diferentes pesquisas realizadas pela FIERGS, os empresários industriais gaúchos destacaram a demanda interna insuficiente, a alta carga tributária e os juros como principais fatores para o resultado negativo observado. Além disso, a chegada do El Niño trouxe prejuízos para toda a economia no segundo semestre, e fatores climáticos também preocupam para 2024. Em sentido contrário, o setor de Serviços manteve um bom ritmo de alta no Rio Grande do Sul, assim como ocorreu no Brasil.

No País, a atividade econômica foi impulsionada pela expansão expressiva da Agropecuária, dos Serviços e da Indústria Extrativa. A Agropecuária repercutiu a safra recorde de grãos, enquanto os Serviços mostraram resiliência com o aumento da renda disponível por conta do impulso fiscal, da redução da inflação e de um mercado de trabalho ainda aquecido. Entretanto, segundo a FIERGS, a Indústria de Transformação ficou praticamente estagnada devido à queda dos investimentos, o que é preocupante para o médio e o longo prazos. O investimento ocorre quando as condições financeiras estão favoráveis, em especial o crédito, mas também se há confiança em perspectivas promissoras.

De acordo com a FIERGS, o cenário econômico mundial se revela complexo. O crescimento ao redor do mundo enfrenta desafios devido ao aumento nas taxas de juros, ainda decorrentes das políticas monetárias e fiscais utilizadas para atenuar os efeitos da pandemia da Covid-19, e que trouxeram também inflação elevada, endividamento alto, aperto monetário e pressão salarial. O crescimento econômico global deve fechar 2023 em 3%, abaixo dos 3,5% verificados no ano anterior, de acordo com o FMI.

Em relação ao emprego no RS, a projeção da FIERGS para 2023 aponta para uma taxa de desemprego de 5%, semelhante à prevista para 2024, e indica a criação de cerca de 21 mil novos empregos no próximo ano no Rio Grande do Sul, após as 41 mil vagas de 2023. Para o Brasil, o panorama geral aponta para uma desaceleração na recuperação do emprego e renda em 2023, mesmo com forte queda no desemprego, mas que foi severamente influenciada pela saída de trabalhadores do mercado por não procurarem  ocupação. Para 2024, é esperada a geração de 956 mil novos postos de trabalho no Brasil, uma redução em relação aos 1,5 milhão de vagas geradas em 2023.

EXPECTATIVAS
Para 2024, após enfrentar dois anos de estiagem, os prognósticos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam aumento de 39,4% na safra de grãos para o Rio Grande do Sul em comparação a 2023. Isso influencia na produção como um todo, pois os ciclos econômicos no RS estão intimamente vinculados à produção agrícola, dada a sua interconexão com vários segmentos industriais e de serviços. A expectativa de taxa de crescimento de 4,7% do PIB gaúcho para o próximo ano leva em conta uma forte elevação da Agropecuária (37,1%), avanço na Indústria (1,8%) e nos Serviços (1,5%). Mesmo com esse resultado, a alta resulta em um PIB apenas 1,8% acima do nível de 2021, o equivalente a crescer a uma média de 0,6% no período de três anos. No caso da Indústria gaúcha, fazendo a mesma comparação, o setor deve chegar ao final de 2024 ainda 1% abaixo do PIB industrial de 2021, o que equivale a cair em média 0,3% ao ano no triênio.

Para o Brasil, o incremento de apenas 1,5% projetado em 2024 deverá sofrer influência da queda de safra de grãos nacional prevista, pela desaceleração do mercado de trabalho, que provocará impacto no setor de Serviços, e pelos juros ainda elevados e um cenário internacional adverso, que provocarão desafios para a Indústria.

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Publicado quinta-feira, 30 de Novembro de 2023 - 17h17